Delay do The Edge (U2).
Achei uma referência legal nesse site de como o The Edge (U2) utiliza os efeitos de delay em muitas músicas famosas do U2, como ‘Where the streets have no name’, ‘Bad’, ‘With or without you’, ‘Pride’, etc.
Sabemos que que o delay do The Edge é praticamente uma lenda em termos de timbre.
Não vou repetir tudo que ele fala no site até por questões de crédito (visitem o site original!), mas vão alguns destaques que acho pertinentes e meus comentários.
Primeiro, o Edge comumente utiliza o efeito delay estéreo, com dois amplificadores, mas o sinal é separado na saída e passa por dois módulos de efeito. Assim, cada amplificador passa o sinal original mais o delay setado, o que dá maior controle sobre o delay de cada caixa. Em alguns casos, o sinal original (dry) fica apenas em uma caixa, e o delay em ambas.
Só o fato dos amplificadores estarem separados um do outro já inclui mais um delay no som. Se os amplificadores estiverem levemente direcionados um ao outro, o som de cada amplificador será captado também pelo microfone na frente do outro. Claro, de forma bem mais sutil, e com um atraso pelo tempo que o som percorre no ar entre os amplis (velocidade do som no ar é em torno de 300m/s se não me engano). Esse delay adicional dá o efeito de estéreo como se estivéssemos realmente no local.
Esse efeito é conseguido também (principalmente ao vivo) quando o microfone do vocal capta o som da guitarra também.
Os tempos de delay geralmente ficam na faixa de 150ms a 550ms (ms = millisegundos), ajustado no Tap Tempo conforme o tempo da música.
Ele utiliza geralmente o Korg SDD-3000 (dois, na verdade), e o sinal é divido no final da cadeia de efeitos. Ele costuma usar o delay com modulação (aquele leve vibrato).
Outras influências no timbre:
-The Edge usa palhetas Herdim, que possuem um lado com grip para não escapar. Mas parece que ele usa ao contrário, e acaba acertando as cordas com esse lado mais ruspioso.
– Ele usa muito as cordas soltas, principalmente o A e D
– Ele usa bastante palm muting. Isso ajuda a abafar o sustain das notas e não embolar o delay. Faz também muting com a mão esquerda em alguns casos.
– Muitos dos solos dele têm um backing vocal, que dão suporte.
Delay de 3/16 avos de nota acrescenta profundidade e ritmo à guitarra, especialmente se você tocar nos tempos pares: notas 1/8 ou 1/16. Arpegios funcionam bem nessa divisão. Bends não costumam dar certo. Se usar um delay mais pesado, deixe os riffs simples para não embolar (por exemplo em ‘Bad’ são dois grupos de três notas repetidas, só isso). ‘Where the Streets’ é um arpeggio de 4 notas. Use muting com a mão esquerda para dar espaço ao delay.
Exemplos: Pride (418ms – pan à direita), Bad (467ms), Where the Streets have no name (350ms), Still Haven’t Found (450ms), With or Without You (410ms)
Delay de 4/16 avos (1/4): funciona melhor com riffs mais simples e esparsos, como o acorde da intro do refrão de “New Years’s Day”, ou poucas notas tocadas lentamente, como na intro de ‘Miracle Drug’. Funciona bem com duas ou mais repetições.
Exemplos: Refrão de New Year’s Day (450ms – 4-5 repetições), Beautiful Day (440ms), Acrobat (450ms)
Delay de 2/16 ou 1/8: esse tipo de delay adiciona certa urgência na guitarra. Funciona bem com repetições múltiplas. É um delay mais monótono que, mesmo quando audível, não afeta o caráter geral da música muito. The Edge usa apenas raramente, provavelmente quando a música já está muito embolada e um delay de 3/16 avos embolaria mais ainda. ‘I Will Follow’ é um bom exemplo. Ele usa principalmente durante solos de guitarra, preenchimentos de fundo ou na bridge (transição da música). Exemplos: I Will Follow (200ms) (principalmente na bridge), All I Want Is You (violão) (325ms), Beautiful Day piano (220ms).
De novo, sugiro que visitem o site oficial (se souberem inglês) para ver vários outros detalhes do estudo do cara.
http://www.amnesta.net/edge_delay/